As frequentes mudanças na política tarifária dos Estados Unidos estão gerando uma reação em cadeia na indústria de fabricação aeronáutica. O modelo A220, montado pela Airbus em sua fábrica no Canadá, enfrenta incertezas devido a uma tarifa de 25%, com entregas previstas para junho à Delta Air Lines, mas a tarifa final ainda depende da interpretação do acordo comercial entre os EUA e o Canadá. A indústria aeronáutica segue tradicionalmente o Tratado de Comércio Livre de Zero Tarifas de 1979, mas as recentes flutuações políticas quebraram essa prática consolidada.
Em fevereiro de 2024, o governo dos Estados Unidos ameaçou impor tarifas de 25% sobre produtos canadenses, o que levou a fábrica da Airbus em Mirabel a processar urgentemente os documentos de conformidade. Embora as aeronaves que atendem aos requisitos do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) tenham sido isentas de tarifas, a política instável já causou atrasos nas entregas. A Delta Air Lines deixou claro que não arcará com custos de tarifas, o que pode resultar no adiamento da entrega de 43 aeronaves Airbus. A fábrica canadense da RTX também teve que adiar temporariamente o envio de alguns motores para os EUA devido a problemas de documentação.
Analistas da indústria apontam que a incerteza tarifária, combinada com a desaceleração na demanda por viagens, criou uma pressão dupla. O CEO da Airbus alertou que pode priorizar a entrega de aeronaves para clientes fora dos EUA, enquanto o CEO da Delta, Ed Bastian, afirmou que esse ambiente político "sem precedentes" pode sufocar o impulso da recuperação econômica. Os dados indicam que, se uma tarifa for imposta a cada A220, o custo da aeronave aumentaria em cerca de 10,1 milhões de dólares.