Eletronuclear, uma operadora brasileira de energia nuclear, assinou um acordo com Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) para a produção de radioisótopos, em particular Lutetita-177 para o tratamento do câncer, da Unidade 2 da usina nuclear de Angra. As duas partes colaborarão em estudos de viabilidade para a produção de lutécio-177, um isótopo radioativo que emite raios beta que desempenha um papel fundamental na terapia de radionuclídeos direcionados, destruindo efetivamente células cancerígenas sem afetar células saudáveis.
A produção de Lutécio-177 foi testada e implementada na Unidade 7 de Bruce no Canadá e na Unidade 2 de Cernavoda na Romênia. No entanto, o Brasil atualmente depende de importações de todo o lutécio-177, o que é bastante caro. A colaboração entre Eletronuclear e SBMN visa mudar isso, e no caso de ser bem-sucedida, um processo semelhante será usado para produzir lutécio-177 na usina de Angra-3 no futuro. O presidente de Eletronuclear, Raul Lycurgo, declarou que os dois lados trabalharão juntos para servir à saúde do povo brasileiro e considerarão transformar o processo de geração de energia na usina nuclear de Angra 2 para produzir o isótopo radioativo.
Elba Etchebehere, presidente de Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, enfatizou que, embora a medicina nuclear seja apenas uma pequena parte do uso da energia nuclear, seu impacto na saúde pública é extremamente significativo. Atualmente, menos de 1% dos brasileiros têm acesso ao tratamento com lutécio-177. Se esse radioisótopo, vital para o tratamento do câncer, pudesse ser produzido internamente, toda a população se beneficiaria. Disse que a colaboração com Eletronuclear colocará Angra 2 no negócio da saúde e dará uma nova esperança aos pacientes com câncer no Brasil.
Além disso, em novembro, Famatong e Nucleoelectrica da Argentina também iniciaram um estudo de um ano para avaliar a viabilidade técnica e econômica da produção do isótopo médico Lutécio-177 a partir das unidades de energia nuclear Atucha-I, Ataca-II e Enbar. Esta série de iniciativas mostra que o Brasil e a comunidade internacional estão explorando ativamente novas maneiras de usar a energia nuclear para produzir radioisótopos e atender às necessidades urgentes no tratamento do câncer.
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