O Brasil anunciou recentemente sua adesão à OPEC+, um movimento que alinha o país com os principais exportadores de petróleo do mundo e reforça sua posição como um produtor-chave de petróleo. No entanto, essa decisão foi criticada por ocorrer pouco antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada no Brasil. O governo brasileiro, por sua vez, argumenta que a receita do petróleo é fundamental para financiar a transição para energias verdes.
A OPEC+ é composta pelos 12 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) e outros 10 importantes produtores de petróleo, incluindo a Rússia. O grupo coordena a produção de petróleo a fim de estabilizar os mercados globais. O Brasil recebeu oficialmente o convite para se juntar ao grupo em 2023. O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que, embora o Brasil seja parte da OPEC+, ele não estará sujeito a quaisquer restrições de produção. Em uma coletiva de imprensa, ele enfatizou: "A OPEC+ é um fórum para os países produtores discutirem estratégias. Não devemos ter vergonha de ser um país produtor de petróleo. O Brasil precisa crescer, se desenvolver e criar empregos e receitas."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que iniciou seu terceiro mandato em 2023, tem se destacado como defensor do meio ambiente, focando na redução do desmatamento na Amazônia e no apoio aos direitos dos povos indígenas. Contudo, ele também reconhece que a receita do petróleo é crucial para financiar a transição do Brasil para uma matriz energética mais verde. Recentemente, Lula pressionou as autoridades ambientais para autorizar a exploração de petróleo na região do estuário do Amazonas, uma área de grande biodiversidade.
De acordo com a Administração de Informações sobre Energia dos Estados Unidos (EIA), o Brasil é atualmente o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção diária de cerca de 4,3 milhões de barris, o que representa 4% da produção global. Em 2024, o petróleo superou a soja como o principal produto de exportação do Brasil, representando 13,3% das exportações totais do país. No entanto, a decisão de aumentar a produção de petróleo gerou críticas de organizações ambientais, especialmente com a proximidade da COP30, que será sediada no Brasil em novembro.
A Climate Observatory, uma coalizão de 133 organizações da sociedade civil e acadêmicas, criticou a decisão. Suely Araújo, porta-voz da organização, afirmou: "A adesão do Brasil a qualquer organismo da OPEC é mais um sinal do retrocesso nas políticas ambientais do governo." A organização destaca que a redução do uso de combustíveis fósseis é essencial para combater as mudanças climáticas.